Milagres existem
No dia 24 de maio de 2013 o Papa Francisco escreveu no Twitter:
Os milagres existem, mas é necessária a oração! Uma oração corajosa que luta e que persevera; não uma oração de circunstância.
A frase é breve e provocante. Inicia com uma profissão de fé no Deus
que continua fazendo milagres. Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Para aqueles que transformaram o jovem de Nazaré em uma lenda presa ao
passado ou num ícone que decora as paredes de uma igreja o Papa recorda
que curas, milagres e prodígios continuam acontecendo. Quando
perguntaram a Jesus se ele era o messias que deveria vir a este mundo,
Ele simplesmente respondeu: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos
são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é
anunciado aos pobres” (Mt 11,5). Os milagres atestam a presença de Deus
em seus gestos e palavras.
Porém a frase do Papa não estaciona no tremendo e fascinante mundo
dos milagres. No meio da frase existe um “mas”. Francisco lembra que é
necessário esperar a solução do céu em oração. Rezar já é uma forma de
ação. Deus espera de nós que façamos a nossa parte. Rezar é abrir o
coração para receber o milagre que Deus tem preparado para cada dia. O
próprio Jesus ensinou esta dinâmica da espera ativa quando disse: “Pedi e
recebereis, batei e será aberto, buscai e achareis”. (Mt 7,7)
A oração é o canteiro fecundo para receber a ajuda do alto. Pode ser
oração de louvor, de clamor, de súplica, de ação de graças. O importante
é rezar. Não basta falar sobre Deus. É preciso falar com Deus, ainda
que só tenhamos reclamações e lágrimas. Ele sempre está disposto a nos
escutar. A oração não é somente importante. Ela é necessária, diz o
Papa. Mas se lembre que não somos nós que rezamos. Rezar é deixar que o
Espírito Santo atue em nós a voz do Filho que clama “Abba, Pai” (Gl
4,6). Portanto, a própria oração já é um milagre. É Jesus rezando por
meio da nossa voz.
O Papa Francisco ainda deu três características desta oração cristã:
1) Oração corajosa: rezamos a nossa realidade. Falamos para Deus que
estamos vivendo naquele momento, sem rodeios. Rezar é abrir o coração e
não apenas repetir fórmulas decoradas. Às vezes a melhor oração é
contemplar silenciosamente o sacrário e não dizer nada. Deus entenderá o
nosso olhar.
2) Oração comprometida: a prece nasce da vida e volta para ela sob a
forma de compromisso com os irmãos. Quem reza de verdade vê o céu e quer
que ele aconteça todos os dias na vida de alguém. Não se conforma que
na terra haja tantos infernos. Rezar nos leva a uma santa indignação que
move para a transformação da realidade. Se não acontecer isso a oração é
alienada e serve apenas como remédio para nossas dores de cabeça. É um
analgésico que não tem nada a ver com aquilo que ensinou Jesus.
3) Oração perseverante: não rezamos somente quando “a coisa aperta”. É
preciso “rezar sem cessar” ou “em todas as circunstâncias”, como
ensinava o apóstolo Paulo e não apenas em certas circunstâncias, como
adverte Francisco. A oração deve se tornar um hábito que perpassa todo o
nosso dia. Acordamos e fazemos o sinal da cruz. Elevamos um pensamento a
Deus. Quem sabe você possa até mesmo ler o evangelho do dia e meditar
alguns minutos. Assim a oração invadirá toda a sua existência. E ao
deitar, eleve seu último pensamento ao Criador agradecendo pelo milagre
de mais um dia!
Por Padre Joãozinho, scj
João Carlos Almeida – Teólogo e educador